Não Olhe Pra Cima

Título Original: Don’t Look Up
Gênero: Comédia, Suspense, Drama
Ano: 2021
Classificação: 7
País: Estados Unidos
Plataforma: Netflix

Novo lançamento da Netflix, “Não Olhe Pra Cima” foi escrito e dirigido pelo comediante Adam Mckay, e possui um elenco repleto de nomes famosos. O filme aborda o tema de catástrofe, mas de uma forma diferente do que costumamos ver, optando por uma pegada mais satírica, e menos dramática.

Muito embora seja categorizado como uma comédia, não vejo nesse filme a intenção de fazer os espectadores se rasgarem de rir, muito embora haja de fato uma pegada cômica que consegue arrancas algumas risadas ao longo do filme. As piadas são inteligentes, e muitas vezes usam do sarcasmo e do humor-negro para destilar veneno contra muita coisa que temos visto por aí no cenário político e tecnológico.

Leonardo di Caprio é o Dr. Randall Mindy, professor de Universitário que juntamente com a doutoranda Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence) descobrem que um cometa está vindo em direção ao planeta Terra, e que este extinguirá a população em cerca de 6 meses.

Desesperados com o fato, ambos se juntam ao Doutor Oglethorpe (Rob Morgan) em busca da revelação da descoberta, na tentativa de que algo possa ser feito para salvar o planeta. Assim, encontram Janie Orlean (Meryl Streep), presidente dos Estados Unidos, que dá pouca importância ao caso, pedindo apenas que eles aguardem, para não interferir em alguns acontecimentos políticos.

Meryl faz a presidente desorganizada e afetada pelo jogo político, ela se importa muito pouco com as pessoas que a rodeiam, e isso inclui até o seu filho Jason Orlean (Jonah Hill), quando o bicho pega de verdade. Ela é uma grande sátira do que há de pior na política.

O filme aborda a influência das relações midiáticas, o poder das grandes empresas sob a política e as tomadas de decisão e, mais importante que isso, a forma como o ser humano é corruptível e que facilmente pode entrar no jogo dos poderosos.

Enquanto o personagem de Di Caprio se deixa envolver por todo o circo que a mídia e a política transformam o evento, sua aluna Kate se entrega às emoções que o fim próximo pode trazer. Apesar do grande elenco, os destaques são Jennifer Lawrence, em papel dramático e, claro, Leonardo Di Caprio, que se alterna entre momentos de pop-star e explosões de raiva, passando também por culpa e arrependimento.

O filme aproveita pouco personagens com grande potencial, como Jason Orlean, de Jonah Hill, e a própria Meryl Streep, que poderia ter tido mais tempo de tela, dada a importância da personagem para a história. Por outro lado, personagens como os âncoras Jack Bremmer (Tyler Perry) e Brie Evantee (Cate Blanchett) se saem muito bem, mesmo com a participação reduzida.

O diretor manda muito bem, principalmente ao inserir textos e imagens significativas entre as cenas, tornando a forma de contar a história do filme muito mais verossímil, ao apresentar telas de celular, redes sociais, shows, protestos, dentre outros recursos bem interessantes.

Seguindo uma linha bem diferente daquela que costumamos ver em filmes-catástrofes, o registro da cena final na família do Dr. Randall Mindy é brilhante, pois provoca reflexões aos espectadores, sobre o que faríamos no lugar deles.

Pra finalizar, o filme ainda apresenta uma novidade, pelo menos para filmes da Netflix, que é uma cena pós-crédito muito interessante e engraçada, que se conecta com um momento que se passa na primeira metade do filme.

Pode não ser brilhante, mas recomendo “Não Olhe pra Cima” como uma boa opção de lazer, a produção traz elementos que fogem do lugar comum, mesmo se tratando de um tema bastante batido.