Thor: Amor e Trovão

Nome Original: Thor: Love and Thunder
Gênero: Ação, Aventura, Ficção, Filmes de Heróis
Ano: 2022
Classificação: 7
País: Estados Unidos
Plataforma: Cinema

Crítica

Embora uma das principais forças da Marvel seja se reinventar a cada lançamento, como exemplificam casos como Dr. Estranho (2016), Pantera Negra (2018), e mais recentemente Cavaleiro da Lua (2022) e Ms. Marvel (2022), há um modus operandi interessante em se tratando do MCU. Toda vez que algo muito grandioso acontece, como em “Dr. Estranho no Multiverso da Loucura” (2022), eles emendam com um filme “para acalmar os ânimos”. E este é o caso de “Thor: Amor e Trovão”.

O filme impacta muito pouco no universo da Marvel e, se não fosse a discreta participação dos Guardiões da Galáxia, eu diria que o filme é totalmente independente do Universo da Marvel. O que quero dizer é que se trata de um filme solo, solo mesmo, que envolve apenas a mitologia relacionada ao Thor. É claro que o primeiro pós-crédito aponta para algo muito grande que, aí sim, deverá afetar o MCU.

Quando a Marvel trouxe Thor para os cinemas, ela tentou se aproximar, ainda que de forma tímida, do personagem dos quadrinhos, mas a tentativa não deu muito certo. Quem conhece a versão quadrinizada do onipotente, arrogante, prolixo e marrento Thor, sabe que se ele fosse retratado dessa forma, dificilmente ele chegaria ao seu quarto filme solo. Os cabeçudos da Marvel decidiram então verter o Deus do Trovão para uma figura caricata e, até, divertida.

Esse novo filme segue a veia cômica que o personagem traz na sua bagagem de MCU, as piadas entram e funcionam na maior parte do tempo, mas, não querendo apelar pro clichê, digo que às vezes vão longe demais, ainda que sem prejuízo ao filme. 

Em determinado momento do filme as crianças de Asgard são sequestradas, e penso que diante de algo tão grave, o personagem deveria ter tido uma postura mais séria. O filme vai apresentar momentos em que o personagem suspende temporariamente o humor (que muitas vezes acontece até de maneira inconsciente), mas na maior parte do filme a pegada é cômica mesmo.

O filme tem uma boa história, mas lamentavelmente efêmera em se tratando do arco do vilão. O oponente de Thor no filme é Gorr, interpretado brilhantemente por Christian Bale, um carniceiro que assassina deuses.  E nesse enredo, ponto para a Marvel! O roteiro aborda de forma aguda o poder e a relevância que damos à crença nos deuses, questionando a reciprocidade dos deuses perante os seus seguidores. Essa pegada foi incrível!

Thor tem que lidar mais uma vez com a proteção de Asgard e acaba reencontrando Jane Foster (Natalie Portman), que se transforma na Poderosa Thor, e esse é o outro ponto importante no filme, já que o protagonista se vê novamente diante do amor de sua vida, mas dessa vez em condições adversas, provocadas por um câncer enfrentado por sua amada.

O filme apresenta momentos lindos de se ver, como as cenas que oscilam entre o colorido e o preto e branco, quando enfrentam Gorr nos seus domínios, e a exploração da Nova Asgard e de outros planetas. Também vale citar a representação da Cidade da Onipotência há a reunião de deuses, liderados por Zeus (Russell Crowe), em figura um tanto patética.

Outro ponto positivo foi o filme não ter se furtado em apresentar ao espectador os acontecimentos da união Thor-Guardiões da Galáxia desde que se uniram no final de “Vingadores: Ultimato” (2019) até o momento em que Gorr começa a ameaçar o universo.

Claro que o filme tem lá algumas passagens que me desagradaram. A Poderosa Thor praticamente não teve desenvolvimento algum até se tornar uma guerreira poderosa: aprendeu rápido demais pro meu gosto. Assim como as crianças que recebem o poder do Poderoso Thor, todas viram guerreiras num piscar de olhos. Me incomodou também a caracterização do amigo pedroso do Thor, após sofrer um ataque e ficar despedaçado. 

Por fim, vale ressaltar que a Marvel praticamente adicionou mais dois jovens personagens ao cast do MCU (não vou dizer quem são para não estragar a surpresa), assim como vem fazendo nos seus filmes e séries, algo que promete ter um desdobramento no futuro.

Entre erros e acerro a Marvel entrega mais um capítulo desse sonho de todo o fã dos quadrinhos que é o MCU. Que venham mais filmes da Marvel, que venham mais diversões como essa.