Missa da Meia-Noite

Título Original: Midnight Mass
Gênero: Drama, Suspense, Terror
Ano: 2021
Classificação: 8
País: Estados Unidos
Streaming: Netflix

Do mesmo criador das séries “A Maldição da Residência Hill” e “A Maldição da Mansão Bly”, “Missa da Meia-Noite” é uma série de terror e suspense que aborda a vida de uma pequena população que vive na isolada ilha de Crockett , que já teve dias melhores, com mais habitantes e mais fartura na mesa de seu povoado.

Ao longo dos anos a falta de melhores perspectivas fizeram a população da ilha despencar de centenas de pessoas para dezenas, tendo como um dos motivos um acidente envolvendo a poluição do mar, que prejudicou a pesca, a principal atividade da ilha.

No meio disso tudo, temos a volta de alguns de seus moradores para a ilha, um desses casos é o de e Riley Flynn (Zach Gilford), que está de volta após cumprir prisão no continente por se envolver em um acidente que resultou na morte de uma pessoa enquanto dirigia embriagado. Ele vai morar com os seus pais e tem que lidar com um antigo problema de relacionamento com o seu pai.

Quem também chega à ilha é o misterioso Padre Paul (Hamish Linklater), que vem para substituir o antigo Monsenhor Pruitt que estava em viagem para Jerusalém. A chegada deste carismático padre provoca um alvoroço na ilha, o que traz os fiéis de volta à igreja, principalmente quando eles presenciam um milagre: a jovem Leeza Scarborough (Annarah Cymone) cadeirante desde um acidente com uma bala perdida, simplesmente volta a andar. Mas não é só isso, vários eventos associados à milagres começam a acontecer, como doentes que ficam curados e, até uma idosa com Alzheimer tem o seu quadro regredido.

Embora apresente várias histórias e mistérios paralelos, este é o plot principal desta excelente série, que traz oito capítulos batizados com nomes de livros da Bíblia. Missa da Meia-Noite se destaca por trazer à tona temas sensíveis como o alcoolismo, o fanatismo religioso, xenofobia, dramas familiares e até romance.

Alguns diálogos longos e reflexivos incomodaram algumas pessoas que assistiram a série, principalmente nos momentos em que o Padre Paul dialoga com seus interlocutores nas missas ou nas reuniões dos alcóolicos anônimos, ou ainda nas reflexões sobre a vida que podem ser acompanhadas a partir dos diálogos entre Riley e Erin Greene (Kate Siegel). Particularmente gosto muito desses longos diálogos, pois acho que eles dão a tônica e a identidade da série.

De uma maneira geral a série é lenta, os episódios são longos e, mesmo não demorando muito a apresentar os seus personagens, a exploração de cada um deles leve algum tempo. Embora faça muito sentido, o segredo principal que envolve a série não é tão explorado quando ele é enfim revelado, o diretor se preocupa muito mais com as consequências deste segredo e como as pessoas reagem a ele, do que simplesmente explicar alguns por quês que ficam na cabeça dos espectadores.

Não sei se a revelação final vai agradar a todos que embarcarem nos sete episódios da série, mas penso que, salvo algumas pontas soltas, a revelação sobre o que trouxe tantas mudanças e impactos para a ilha poderia, de fato, ter ludibriado pessoas, principalmente aqueles capazes de se cegar por intermédio da fé.

A série de certa forma deixa o final em aberto se pensarmos em termos do futuro da ilha, mas consegue explicar boa parte dos mistérios que são apresentados nos primeiros episódios. O diretor Mike Flanagan chegou inclusive a comentar parte do final da história, em entrevistas dadas após o lançamento da série.

Fácil de se envolver e maratonar, “Missa da Meia-Noite” tem muito mais acertos do que erros, e vai cativar os fãs do gênero, principalmente por ter uma execução acertada, com cenários bem construídos, que são capazes de incluir o telespectador dentro da ilha, com cenas de terror gore e efeitos especiais perfeitamente conduzidos. Dizem que o próprio Stephen King elogiou a série, se é verdade ou não, eu não sei, mas no fim das contas considero a série mais um grande acerto na carreira de Flanagan.