Druk – Mais uma rodada

Ano: 2020
Gênero: Drama
Classificação: 7
País: Dinamarca
Plataforma: Telecine

Uma teoria, supostamente atribuída ao filósofo e psiquiatra norueguês Finn Skårderud, de que o ser humano tem defasagem de álcool em seu organismo, garante que é possível ser mais feliz com 0,5% de álcool no sangue. Esta é a premissa que guia Druk, filme dinamarquês que ganhou o Óscar de melhor filme estrangeiro de 2020.

Estrelado pelo excelente ator Mads Mikkelsen, “Druk” foca nas vidas de um grupo de professores com problemas nos âmbitos familiares e profissionais, que veem nessa teoria uma boa oportunidade de reascender uma chama há muito tempo apagada.

Martin (Mikkelsen) vive momentos difíceis em sua profissão, ao ponto de chegar a ter a qualidade das suas aulas questionadas por alunos e pais da escola em que ele trabalha. Em casa as coisas não são tão diferentes, pois vive um relacionamento distante com a esposa e, de certa forma, também com os filhos. Nesse ponto é que reafirmamos a qualidade de Mads Mikkelsen como ator, pois muito dos seus sentimentos ele entrega apenas com o seu olhar e movimentos corporais.

No caso de seus amigos as coisas também não estão nada boas, e o ponto de inflexão para todos é o aniversário de 40 anos de Nikolaj (Magnus Millang), onde o assunto da teoria é discutido, e acaba surgindo a ideia coloca-la em prática, ou seja, descobrir se realmente é possível ser mais feliz consumindo álcool diariamente, no caso deles, antes de suas atividades profissionais.

O filme se passa nos dias subsequentes a este pacto, onde o grupo segue a teoria à risca. Animados com os resultados iniciais, passam a elevar o nível alcoólico no sangue, até perderem o controle da situação. É claro que, para um grupo de quatro pessoas, a experiência surtirá efeitos diferentes para cada um.

Fortemente ligado ao dia-a-dia dos personagens, “Druk” toca em assuntos sérios como alcoolismo, e as relações familiares e profissionais. Tem uma condução propositalmente lenta e apresenta momentos de cortar o coração.

Confesso que esperava mais do filme, até porque o ele foi muito comentado desde a sua estreia, ganhando ainda mais foco por ter faturado o Óscar. Mas, por outro lado, o diretor Thomas Vinterberg (mesmo do filme “A Caça”, também com Mads Mikkelsen) constrói todo o processo devagar, para que o filme pudesse ser o mais realista possível. Há méritos neste quesito, além, é claro, da belíssima cena final, que proporciona um desfecho que alivia a tensão e impacto causado pelo filme.