Bela Vingança

Título Original: Promising Young Woman
Gênero: Drama, Suspense

Ano: 2020
Classificação: 7
País: Estados Unidos
Plataforma: Telecine

Bela Vingança nos apresenta uma mulher fortemente afetada por traumas do passado, sua rotina é frequentar bares e boates e fingir estar bêbada para poder se vingar de homens mal-intencionados que pretendem se aproveitar de sua situação.

O Thriller traz a primeiro trabalho de Emerald Fennell (The Crown, Killing Eve, A Garota Dinamarquesa…) como diretora e de cara ela já causa impacto com uma obra atual e provocativa, com situações que infelizmente ainda assombram as mulheres. Um pouco da parte provocativa do longa não fica somente pelo delicado tema abordado, ela trabalha muito bem o gênero proposto e tenta até mesmo brincar com uma suposta comédia romântica, nos introduzindo em uma atmosfera falsamente leve.

O filme é direto ao levantar questões sensíveis do cotidiano em que inacreditavelmente mulheres ainda estejam sujeitas a passar, frases como “também, ela está pedindo” ainda são comuns e o roteiro vai pesado nessa questão, é óbvio que não estamos incentivando a ação de ela buscar justiça com as próprias mãos, mas não deixa de ser um convite para reflexão a cruel realidade de impunidade nesses casos, o que na trama leva a consequências mais graves como essa atitude da personagem.

Tudo aqui parece ter sido meticulosamente pensado para provocar o telespectador, e a abordagem deste delicado tema conseguiu ser abraçado por um roteiro bastante inteligente e que nos coloca na situação de alguém que sofre um assédio ou estrupo. Cassie (Carey Muligan) é uma ex-estudante de medicina que teve sua vida drasticamente afetada após sua melhor amiga ter sofrido um abuso coletivo de ex-colegas da faculdade. Ela então decide levar uma vida dupla, trabalhando de manhã e fazendo justiça com as próprias mãos durante as noites.

Um ponto que me incomoda um pouco na trama é o fato de não sabermos o destino real de suas vítimas, muitas das ocorrências ficam em aberto e não sabemos realmente se houve um corretivo ou uma ação fatal, mesmo que seja mostrado o seu livrinho com suas anotações, essa parte acaba por ficar um pouco confusa. Falando sobre Carey Muligan ela tem um papel fundamental no filme, tendo se entregando totalmente ao papel da protagonista, não deve ter sido nada fácil conseguir dar identidade a uma jovem perturbada e afetada psicologicamente, sua atuação realmente nos convence que estamos vendo alguém que perdeu sua compaixão.

Com tudo sendo muito bem abordado, da sua relação com sua família ao descaso com seu próprio emprego, nos deparamos com uma grande construção para um ato final, onde a diretora enfatiza de vez a sua proposta para a trama, mostrando que por mais que Cassie possa se sujeitar a retomar sua vida, ela de fato não vai esquecer o que passou. Não é uma tarefa fácil escrever sobre a trama sem dar spoilers, mas o filme mostra um desfecho esperado, o que é um grande acerto para essa história de uma busca sem sucesso por justiça, onde a vingança na cabeça de Cassie foi a única forma encontrada para chamar a atenção de um problema realmente grave.